Nessas noites longas
de solidão sem fim,
Ando pensando em tudo
e todos.
Ando entre meus pensamentos diversos
- um tanto complexos -
sem rumar lugar algum.
Viajo em devaneios e quimeras,
viajo entre olhares e lembranças.
Vejo teu rosto quase sempre,
sinto teu cheiro já frequente.
Sinto a calma que é tê-la comigo
mesmo sozinho.
Meu conforto se estabelece
e não sei o porquê.
Navego em águas calmas
(não digo sem graça)
e tenho receio.
Mar bravo acontece quando menos se espera
mesmo com toda a meteorologia dizendo que não vai acontecer.
Volto meu pensamento ao cotidiano
e em como você o transformou.
Nada é igual.
Isso eu sei o porquê.
É porque tudo com você era diferente.
Não sei se melhor ou pior.
É um diferente estranho
Que eu peno pra entender.
Quem sabe a ideia seja não entender,
porque as melhores coisa são assim:
incompreensíveis.
Victor da Silva Neris
Por aqui passam as dores e os calores da vida. Pra onde vão? Quem sabe é Deus. Pediram passagem, e eu permiti.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Assembleia pontual
Alvoroço total.
Algazarra generalizada.
Murmúrios e lamentações.
Grunhidos e gemidos estranhamente doídos.
Eram os pontos, as vírgulas, as exclamações.
Toda a alta cúpula da pontuação se reunira para discutir,
- corria, na boca pequena, que só queriam reclamar -,
da atual conjuntura nacional.
O reclame era quase em uníssono:
"povo burri, povo burro!"
Um desavisado acharia que era uma reunião de pseudo-intelectuais populistas
conclamando sua arma mais poderosa.
O Ponto, que era o mais exaltado,
esperneava e esbravejava xingamentos mil.
"Esqueceram de mim! Esqueceram de mim!"
O pobre coitado era amparado por seus colegas,
mas a tristeza era de dar dó.
Ninguém mais usa o Ponto!
Nem lembram dele.
Qualquer alma caridosa
que se compadeça a usá-lo é questionada
do porquê estar brava ou irritada.
Usar o Ponto virou coisa séria.
A Vírgula Adversativa não tinha mais forças nem para reclamar;
o Ponto e Vírgula, coitado, já estava em tratamento psicológico há tempos;
a Reticências, três gêmeos siameses mal resolvidos,
cantavam gritos de ódio aos que os usavam em frases de auto-ajuda
para quem tem relacionamentos mal resolvidos.
No fim, depois de todo aquele lamento e choro,
foram todos para suas respectivas residências
compartilhar o que havia acontecido
nas mais variadas redes sociais.
Expunham que a luta era forte
e que todos se uniram para fortalecer
a pontuação brasileira.
Victor da Silva Neris
Algazarra generalizada.
Murmúrios e lamentações.
Grunhidos e gemidos estranhamente doídos.
Eram os pontos, as vírgulas, as exclamações.
Toda a alta cúpula da pontuação se reunira para discutir,
- corria, na boca pequena, que só queriam reclamar -,
da atual conjuntura nacional.
O reclame era quase em uníssono:
"povo burri, povo burro!"
Um desavisado acharia que era uma reunião de pseudo-intelectuais populistas
conclamando sua arma mais poderosa.
O Ponto, que era o mais exaltado,
esperneava e esbravejava xingamentos mil.
"Esqueceram de mim! Esqueceram de mim!"
O pobre coitado era amparado por seus colegas,
mas a tristeza era de dar dó.
Ninguém mais usa o Ponto!
Nem lembram dele.
Qualquer alma caridosa
que se compadeça a usá-lo é questionada
do porquê estar brava ou irritada.
Usar o Ponto virou coisa séria.
A Vírgula Adversativa não tinha mais forças nem para reclamar;
o Ponto e Vírgula, coitado, já estava em tratamento psicológico há tempos;
a Reticências, três gêmeos siameses mal resolvidos,
cantavam gritos de ódio aos que os usavam em frases de auto-ajuda
para quem tem relacionamentos mal resolvidos.
No fim, depois de todo aquele lamento e choro,
foram todos para suas respectivas residências
compartilhar o que havia acontecido
nas mais variadas redes sociais.
Expunham que a luta era forte
e que todos se uniram para fortalecer
a pontuação brasileira.
Victor da Silva Neris
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Casa
Andei me perguntando onde é minha casa.
É aqui?
É ali?
Mas de nada adiantou.
O porquê eu não sabia, mas senti que descobrira a resposta.
Casa não é um lugar.
Na verdade é, mas não é.
Nossa casa é o coração.
E tem gente morando nela.
E, quando estamos com essa gente,
Seja onde for,
Estamos em casa.
Victor da Silva Neris
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
O que os filmes não mostram
Não há beleza no romantismo.
Na maioria do tempo é solidão, é renúncia, é fé.
É entrega sem retorno e sem prazo.
Romantismo é, antes de tudo, um martírio.
Idealismo desmedido e sem sentido pra muitos.
O objetivo final é insólito: amor eterno.
Insólito, mas não, necessariamente, impossível.
É, guardadas as proporções, uma vida de penitências
Para que a salvação seja alcançada.
Dar sem receber é atitude assaz elevada.
Seria leviano dizer que só as almas elevadas o fazem,
Mas não seria errado.
Nem toda entrega é submissão, nem todo amor é ilusão.
Há um certo quê de visão ampliada.
É um sentimento de fazer o certo sem dever a ninguém,
É ter uma certeza irracional de que no final
– demorado ou não –
A linha de chegada trará redenção suficiente para se poder
pensar
“valeu a pena”.
Não há necessidade de fazer o mundo acreditar.
Basta que uma pessoa acredite.
Só uma.
Também não se pode iludir-se com o tempo.
Amores eternos nem sempre são duradouros.
São, de fato, eternos na memória.
E é nessa eternidade que repousam, satisfeitos, para todo o
sempre.
Victor da Silva Neris
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
Ah, a esperança
Tem um olhar nosso que entrega o que sentimos.
Junto com ele vem uma onda de positividade,
De tranquilidade e de paz.
É como se o mundo dissesse:
"Vai com fé!".
Então, esse olhar e todos esses sentimentos são intensificados
Pela chama que todos nós temos: a esperança.
Com ela vêm a alegria e o medo.
A primeira é inerente a tudo que é novo e ainda precisa ser descoberto.
A segunda, também.
Esperança é vida, é futuro, é fogo.
Mas quando ela apaga...
Pode até ser a última que morre,
Todavia, ainda não aprendeu a arte da eternidade.
Se nem o amor que é o amor aprendeu,
Não há de se culpar a pobre da esperança.
Victor da Silva Neris
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Acima das nuvens
Dia nublado.
A chuva vai e volta sem parar.
Na rua, as pessoas correm para se proteger
das gotas de água.
Alguns correm para livrar as roupas do varal do aguaceiro.
E eu aqui observando tudo.
Foi inevitável absorver
todo aquele movimento na memória.
Lembrei-me, então, de uma viagem de avião
na qual, após passar por todas as nuvens de chuva,
a aeronave encontrou a redenção seca e sublime
daquele por-do-sol.
E a imagem também ficou gravada.
A epifania veio não muito tempo depois.
a vida insiste em colocar algumas
nuvens de tempestade no nosso céu de brigadeiro.
Parte de nós a vontade de voar
e subir para contemplar o outro lado.
Parte de nós a necessidade de não ficar
na chuva e com frio.
Temos que lembrar também que existem alguns aviões
- eu prefiro chamá-los de amigos -
que esperam para que embarquemos com eles.
Mas, como todo avião,
têm destinos e horários a cumprir.
Não podemos, pois, perder esses voos.
A felicidade não cai do céu.
Ela flutua acima das nuvens de tempestade
E aguarda, ansiosa, a nossa chegada.
Victor da Silva Neris
A chuva vai e volta sem parar.
Na rua, as pessoas correm para se proteger
das gotas de água.
Alguns correm para livrar as roupas do varal do aguaceiro.
E eu aqui observando tudo.
Foi inevitável absorver
todo aquele movimento na memória.
Lembrei-me, então, de uma viagem de avião
na qual, após passar por todas as nuvens de chuva,
a aeronave encontrou a redenção seca e sublime
daquele por-do-sol.
E a imagem também ficou gravada.
A epifania veio não muito tempo depois.
a vida insiste em colocar algumas
nuvens de tempestade no nosso céu de brigadeiro.
Parte de nós a vontade de voar
e subir para contemplar o outro lado.
Parte de nós a necessidade de não ficar
na chuva e com frio.
Temos que lembrar também que existem alguns aviões
- eu prefiro chamá-los de amigos -
que esperam para que embarquemos com eles.
Mas, como todo avião,
têm destinos e horários a cumprir.
Não podemos, pois, perder esses voos.
A felicidade não cai do céu.
Ela flutua acima das nuvens de tempestade
E aguarda, ansiosa, a nossa chegada.
Victor da Silva Neris
quinta-feira, 16 de julho de 2015
Porque escrevo
Então é madrugada e você inventa de ouvir uma música qualquer na internet. Aparece Cássia Eller na playlist e vem o pensamento "que mal faria?". Escolhe uma música inofensiva e pronto: ela não sai mais da cabeça. Quem dera fosse música ruim, pois o próprio bom senso trataria de excluí-la do HD musical. Mas não! É uma música foda que gruda e faz lembrar de muita coisa. Além disso, traz junto uma sensação de que tudo vai dar certo e de que todas as esperanças alimentadas por nós serão correspondidas. E a vontade de escrever extrapola a resistência do racionalismo barato ao qual nos impomos.
E um bocado de reflexões explodem e, junto com elas, muito do que a gente sente e pensa explode também. As fotos que não traziam tanta coisa voltam a ensopar a gente de lembranças. E essas nos resgatam aos nossos eus de tempos atrás. E esses eus passados nos mostram que não somos tão diferentes como pensamos. As angústias, os sonhos, os medos: tudo isso volta. E como volta!
Ainda somos crianças. Sabemos muito pouco desse mundo de meu Deus. E, se sabemos pouco sobre o mundo, imaginem o que sabemos de nós mesmos! Ou pior, do amor.Nos dizemos sábios, impenetráveis sentimentalmente, muros de frieza e de racionalidade. No fundo, todos somos crianças assustadas com os trovões da vida. Bem no fundo, ainda somos frágeis, inocentes, pequenos. Ainda somos muito menos que um grão de areia nos deserto.
Sentimo-nos com todo o garbo e a elegância que o mundo pode oferecer, temos reis na barriga, somos mais que o resto, somos melhores que a média. No final, apenas pó e saudade seremos. E nada disso que foi tão importante e essencial vai importar. Seremos espectros, espíritos, almas no paraíso, almas no inferno ou nada.
Todos começamos num encontro de gametas, todos precisamos de ar, da água, de alimento. É muita prepotência achar que é melhor que alguém. É muito triste achar que é pior que alguém. É importante lembrar que quem não se ama não pode amar o próximo. Vai ver a solução pros problemas é aprendermos a nos amarmos mais. Ser miserável não é desculpa pra tornar a vida dos outros miserável.
Essa viagem toda por uma música, por alguns minutos. E foram os melhores em muito tempo. Deixe a mente fluir. Escolha uma boa música, pense em alguém ou fique no escuro. Tudo isso amo mesmo tempo também pode. Abra-se pra si mesmo! Permita-se! Seja você para você por alguns minutos ao menos.
Victor da Silva Neris
Victor da Silva Neris
terça-feira, 9 de junho de 2015
Uma vez na vida
Quando se esvai a paixão,
quando esfria o colchão,
quando os dias que vêm e vão
já não são mais os mesmos:
decepção!
Junto com esta, matadouro das grandes paixões,
morre a certeza, o calor, a rotina.
A incerteza toma conta e, por mais,
por mais que não seja da minha conta,
dou minha humilde e singela opinião.
Amor não é tudo, sexo não é fim e,
mesmo tudo tendo um fim,
nada é em vão.
Nesse mundo superestimado, superfaturado,
tendemos a exagerar, a idealizar demais.
A vida não é poesia da Disney;
é Gregório de Matos, é Machado.
A vida é ironia, é rir do ridículo,
é rir de si quando se é ridículo.
É mudar: do Romantismo ao Realismo;
do Parnasianismo ao Modernismo.
Paremos com essa idealização
da paixão, do amor, do sexo e da dor.
Sejamos complexos, alternos, singelos.
Sejamos menos,
ao menos,
uma vez na vida.
Victor da Silva Neris
quando esfria o colchão,
quando os dias que vêm e vão
já não são mais os mesmos:
decepção!
Junto com esta, matadouro das grandes paixões,
morre a certeza, o calor, a rotina.
A incerteza toma conta e, por mais,
por mais que não seja da minha conta,
dou minha humilde e singela opinião.
Amor não é tudo, sexo não é fim e,
mesmo tudo tendo um fim,
nada é em vão.
Nesse mundo superestimado, superfaturado,
tendemos a exagerar, a idealizar demais.
A vida não é poesia da Disney;
é Gregório de Matos, é Machado.
A vida é ironia, é rir do ridículo,
é rir de si quando se é ridículo.
É mudar: do Romantismo ao Realismo;
do Parnasianismo ao Modernismo.
Paremos com essa idealização
da paixão, do amor, do sexo e da dor.
Sejamos complexos, alternos, singelos.
Sejamos menos,
ao menos,
uma vez na vida.
Victor da Silva Neris
sábado, 6 de junho de 2015
Seria um "Olá, tudo bem"?
Da poesia estive ausente.
Talvez fosse muito adulto para ela.
Ou ela muito além de meus saberes.
A distância nos fez reconciliar.
Não sei se essa é a palavra certa.
Minha fluidez, sem vírgulas, sem pontos, sem...
Já não sou mais o mesmo!
Talvez mais do mesmo.
Perco-me nos pensamentos desconexos,
nos sentimentos avessos a interpretação.
A falta de prática reclama em meus versos,
no meu sono, no meu ser!
Não ser! Não ser!
Pra que neguei tanto a essência?
Medo? Angústia?
Da poesia afastei-me assim como de muitas outras coisas.
Para ela quero voltar, mas não para o que abandonei.
O que era eu ainda está em mim.
Se melhorado ou não eu não sei.
As vírgulas já não se encaixam, os pensamentos...
Onde é que eu estava?
Do Romantismo, do Realismo e do Modernismo afastei-me.
Aliás, nem sei diferenciá-los.
Não vejo motivo para isso.
Basta a poesia,
a poesia me basta.
Prometo-lhe, caro leitor
- nesse momento Machadiano -
melhorar.
Victor da Silva Neris
Talvez fosse muito adulto para ela.
Ou ela muito além de meus saberes.
A distância nos fez reconciliar.
Não sei se essa é a palavra certa.
Minha fluidez, sem vírgulas, sem pontos, sem...
Já não sou mais o mesmo!
Talvez mais do mesmo.
Perco-me nos pensamentos desconexos,
nos sentimentos avessos a interpretação.
A falta de prática reclama em meus versos,
no meu sono, no meu ser!
Não ser! Não ser!
Pra que neguei tanto a essência?
Medo? Angústia?
Da poesia afastei-me assim como de muitas outras coisas.
Para ela quero voltar, mas não para o que abandonei.
O que era eu ainda está em mim.
Se melhorado ou não eu não sei.
As vírgulas já não se encaixam, os pensamentos...
Onde é que eu estava?
Do Romantismo, do Realismo e do Modernismo afastei-me.
Aliás, nem sei diferenciá-los.
Não vejo motivo para isso.
Basta a poesia,
a poesia me basta.
Prometo-lhe, caro leitor
- nesse momento Machadiano -
melhorar.
Victor da Silva Neris
Assinar:
Postagens (Atom)