terça-feira, 9 de junho de 2015

Uma vez na vida

Quando se esvai a paixão,
quando esfria o colchão,
quando os dias que vêm e vão
já não são mais os mesmos:
decepção!

Junto com esta, matadouro das grandes paixões,
morre a certeza, o calor, a rotina.
A incerteza toma conta e, por mais,
por mais que não seja da minha conta,
dou minha humilde e singela opinião.

Amor não é tudo, sexo não é fim e,
mesmo tudo tendo um fim,
nada é em vão.

Nesse mundo superestimado, superfaturado,
tendemos a exagerar, a idealizar demais.
A vida não é poesia da Disney;
é Gregório de Matos, é Machado.
A vida é ironia, é rir do ridículo,
é rir de si quando se é ridículo.

É mudar: do Romantismo ao Realismo;
do Parnasianismo ao Modernismo.

Paremos com essa idealização
da paixão, do amor, do sexo e da dor.
Sejamos complexos, alternos, singelos.
Sejamos menos,
ao menos,
uma vez na vida.

Victor da Silva Neris