sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O que os filmes não mostram

Não há beleza no romantismo.
Na maioria do tempo é solidão, é renúncia, é fé.
É entrega sem retorno e sem prazo.
Romantismo é, antes de tudo, um martírio.
Idealismo desmedido e sem sentido pra muitos.

O objetivo final é insólito: amor eterno.
Insólito, mas não, necessariamente, impossível.
É, guardadas as proporções, uma vida de penitências
Para que a salvação seja alcançada.

Dar sem receber é atitude assaz elevada.
Seria leviano dizer que só as almas elevadas o fazem,
Mas não seria errado.

Nem toda entrega é submissão, nem todo amor é ilusão.
Há um certo quê de visão ampliada.

É um sentimento de fazer o certo sem dever a ninguém,
É ter uma certeza irracional de que no final
– demorado ou não –
A linha de chegada trará redenção suficiente para se poder pensar
“valeu a pena”.

Não há necessidade de fazer o mundo acreditar.
Basta que uma pessoa acredite.
Só uma.

Também não se pode iludir-se com o tempo.
Amores eternos nem sempre são duradouros.
São, de fato, eternos na memória.

E é nessa eternidade que repousam, satisfeitos, para todo o sempre.

Victor da Silva Neris