terça-feira, 9 de junho de 2015

Uma vez na vida

Quando se esvai a paixão,
quando esfria o colchão,
quando os dias que vêm e vão
já não são mais os mesmos:
decepção!

Junto com esta, matadouro das grandes paixões,
morre a certeza, o calor, a rotina.
A incerteza toma conta e, por mais,
por mais que não seja da minha conta,
dou minha humilde e singela opinião.

Amor não é tudo, sexo não é fim e,
mesmo tudo tendo um fim,
nada é em vão.

Nesse mundo superestimado, superfaturado,
tendemos a exagerar, a idealizar demais.
A vida não é poesia da Disney;
é Gregório de Matos, é Machado.
A vida é ironia, é rir do ridículo,
é rir de si quando se é ridículo.

É mudar: do Romantismo ao Realismo;
do Parnasianismo ao Modernismo.

Paremos com essa idealização
da paixão, do amor, do sexo e da dor.
Sejamos complexos, alternos, singelos.
Sejamos menos,
ao menos,
uma vez na vida.

Victor da Silva Neris

sábado, 6 de junho de 2015

Seria um "Olá, tudo bem"?

Da poesia estive ausente.
Talvez fosse muito adulto para ela.
Ou ela muito além de meus saberes.

A distância nos fez reconciliar.
Não sei se essa é a palavra certa.

Minha fluidez, sem vírgulas, sem pontos, sem...
Já não sou mais o mesmo!
Talvez mais do mesmo.

Perco-me nos pensamentos desconexos,
nos sentimentos avessos a interpretação.
A falta de prática reclama em meus versos,
no meu sono, no meu ser!

Não ser! Não ser!
Pra que neguei tanto a essência?
Medo? Angústia?

Da poesia afastei-me assim como de muitas outras coisas.
Para ela quero voltar, mas não para o que abandonei.
O que era eu ainda está em mim.
Se melhorado ou não eu não sei.
As vírgulas já não se encaixam, os pensamentos...
Onde é que eu estava?

Do Romantismo, do Realismo e do Modernismo afastei-me.
Aliás, nem sei diferenciá-los.
Não vejo motivo para isso.
Basta a poesia,
a poesia me basta.

Prometo-lhe, caro leitor
- nesse momento Machadiano -
melhorar.

Victor da Silva Neris